quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

o dia que a Terra estranhou com a gente

eu estava com uma galera num lugar ao campo com algumas montanhas; o tempo passava estranhamente; de repente as pessoas começaram a se dar por conta que a Terra estava para ser destruída, que dali a pouco tempo as coisas comecariam a ser destruidas ou simplesmente desaparecerem; mas, assim como a Terra, as pessoas tambem estavam sentindo que estavam desaparecendo, se nao fisicamente, mas em suas mentes; isso fez com que todos ficassem com um medo terrivel do que estava para acontecer, pois nao sabia como e nem quando isso se efetivaria; uma pessoa que estava comigo comecou a agir estranhamente e o que se passava na cabeca dela nao dava para perceber se era a realidade ou ela ja estava em outro mundo, pois era exatamente isso que estava acontecendo às pessoas: elas iam para percepcoes diferentes sem controle e sem mais saber em qual mundo estavam; como consequencia, todos os seus sonhos, vontades, aquilo que queriam que fosse acontecer sumiam num piscar de olhos sem controle nenhum, as vezes para mundos um pouco melhores e que nao seriam destruidos o que faziam elas pensarem se essa destruicao da Terra que se anunciava tambem talvez nao fosse apenas mais uma visao equivocada de suas percepcoes, mas nao sabiam nem mesmo como parar isso tudo e viviam com um grande medo. era muito estranho porque nao se sabia mais em que acreditar, se ainda eramos nós mesmos e aquela ameaça constante de perder tudo a qualquer momento.

gaudério no rancho

mas e era um indio bem chucro daqueles que ate arranca a guaiaca se for preciso; que um belo dia se bandio la pro otro lado so pra ver se saia de escapar de toda aquela bagunca que nunca ninguem por aquelas terras tinha feito;


pois pego seu mate velho, sentou bem de mansinho no cepo, costurou alguns pensamentos de lembrancas do tempo em que a china ainda fazia bolo; se encostou ao lado do fogo bem baixinho, por onde somente mais alguns gravetos teimavam em deixar a luz; chamou o cusco, que lhe deu um abraco bem amigo, acariciou sem pelo duro devorado tantas vezes pelo mato; tragou mais uma erva, levantou e saiu mundo afora


o seu pangaré já nao andava tao bem assim, costumava saltear por tudo quanto é lado, principalmente em tempos de baile, mas hoje em dia ainda que sofria so pra descer um barranquinho de nada; que que isso cavalo veio pensava, mas sem se dar por conta que de seu destino, nem uma pena mais sobrava


chegou do outro lado do rio, pescou uns lambari, lavou as mao e a alma e quase que nao consegue mais nem se desvencilhar do resto da carne, que largou pro cusco; seguindo em frente que ja era quase 10 e o sol apertava, galopou ate o pra depois do rancho de seu matias, velho sabido que tanto lhe dissera pra tomar cuidado nas peleia de guri, que as cicatrizes desmentiam a verdade


seguiu ate a cidade, apeou no clube, amarrou o bixo veio e foi pra cartiada de todo dia; lembrou com os compadre os anos todos de luta, quando a lavoura secou, quando alagou, quando o gado se rebelava, ate os dia em que o fumo faltava; mas estava com uma esperanca, aquele jogo deveria ser seu


de mais uns talagacos na cana, acendeu o palhero, desejou boa sorte pros colegas e depois de comer uma coxa bem gorda, chamou o pingo e se bandio colina acima de volta pro rancho


mas ja nada lhe importava, nem o que os taludos iriam lhe gozar, que de que adianta tanta galhardia e altivez, se no fundo dos tempo, apenas o fogo, o cusco e a dama de espada lhe sobravam de compania, da manha ate a noite. foi dormir sem saber que aquela finalmente, como em seus sonhos, seria a ultima.